O que significa coar um mosquito e engolir um camelo?
Jesus era campeão em dar lições de
uma forma altamente poética e diversas vezes usando parábolas e figuras de
linguagem extremamente impactantes. No contexto desse texto que você citou:
“Guias cegos, que coais o mosquito e engolis o camelo!” (Mateus 23:24), vemos
Jesus fazendo um sermão às multidões e aos Seus discípulos (Mateus 23:1). Jesus
começa a criticar fortemente os fariseus e dar-lhes advertências duras. E é
dentro dessas advertências que temos essa acusação forte de Jesus sobre eles.
Dito isto, vamos agora entender o que Jesus quis dizer a eles.
Em primeiro lugar é preciso
compreender que os fariseus eram extremos na obediência mínima as leis do
Antigo Testamento. Eram tão exagerados que davam, por exemplo, dízimos até
mesmo contando os ramos das plantas que tinham (Mateus 23:23). O problema não
era o desejo de ser extremamente obedientes a Deus, antes, o problema era
praticar uma obediência apenas para se mostrar aos outros como mais espirituais
e, no entanto, por causa desse extremismo, deixar para trás outros preceitos
importantes como a justiça, a misericórdia e a fé (Mateus 23:23).
O mosquito era o menor animal impuro que constava nas leis de restrições alimentares do Antigo Testamento: “Mas todos os outros insetos que voam, que têm quatro pés serão para vós outras abominações” (Levítico 11:23).
Isso fazia com que os fariseus tivessem o hábito
de coar suas bebidas para que não ingerissem um animal imundo e transgredissem
essa lei.
Já o maior animal impuro que constava
nas leis de restrições alimentares era o camelo:
“Destes, porém, não comereis: dos que ruminam ou dos que têm unhas fendidas: o camelo, que rumina, mas não tem unhas fendidas; este vos será imundo…” (Levítico 11:23).
Esse era um animal
mais fácil de se ver, bem grande e que não era tão fácil engolir como um
pequeno mosquito.
Jesus usa, então, a figura desses
dois animais para apresentar umas lições forte aos fariseus. Coar um mosquito e
engolir um camelo significa que os fariseus haviam perdido o sentido de
proporção, ou seja, se preocupavam demais com coisas insignificantes como um
mosquito, mas não tinham a mesma preocupação com aquilo que era muito maior,
que representava pecados terríveis como a hipocrisia, a desonestidade, a
crueldade, a ganância, etc. em suas vidas. Coisas grandes e imundas tal qual um
camelo.
Jesus não estava dizendo que pequenos erros e pecados estavam
liberados, antes, que não adiantava tanto rigor em algumas áreas da vida (coar
um mosquito) quando não existia nenhum rigor para outras áreas mais importantes
(engolir um camelo). O que está em vista aqui é a hipocrisia. Diante das
pessoas eles faziam questão de mostrar que estavam coando as suas bebidas para
não ingerir um mosquito, mas dentro do estômago deles estava uma quantidade
enorme de “carne imunda”.
Dessa forma, os
fariseus são acusados por Jesus de serem seletivos naquilo que “coavam”, ou
seja, eles faziam apenas aquilo que queriam, com objetivos políticos, e não
aquilo que Deus exigia deles em sua totalidade. Eles passaram a se considerar
os donos da lei de Deus, como se eles tivessem autonomia para dizer o que devia
ou não ser cumprido. Pelas suas peneiras não passavam um mosquito, mas o que
chegava ao seu estômago era o maior animal impuro. Suas peneiras eram falhas.
Essa é uma advertência a todos nós! Devemos viver a nossa vida tomando o
cuidado para não sermos hipócritas.